18.9.08

É muito foda administrar amor, tanto o que você recebe quanto o que você dá.
Receber muito amor é como, talvez, receber muito dinheiro: te torna prepotente, seguro. Isso pode ser bom até certo ponto. A segurança no seu par evita muitos sentimentos desgastantes, como a carência e o ciúme. Entretanto, como tudo demais sobe um pouco a nossa cabeça, algumas pessoas com excesso de segurança vêem-se tentadas a ferir seus princípios, tornarem-se corruptas, confiando-se justamente naquilo que o amor, quem sabe, traga consigo de melhor: a confiança.
Ser corrupto não é necessariamente uma traição física. Antes de tudo eu falo em traição moral, visto que tô tentando falar de relacionamentos quaisquer. Pequenas mentirinhas, omissões constantes, falta de zêlo. Quem sabe tudo começe assim. Também não tô dizendo que traição acontece na maioria das vezes por segurança em demasia. Em certos grupos, talvez. Mas insegurança é desesperador o suficiente pra, quem sabe, te fazer ferir o próprio caráter - e não tem dor maior do que essa. Isso não quer dizer que justifique uma gafe: não justifica.

Quanto ao amor que você doa, esse é o mais difícil de controlar. É tanto amor pra dar, é tanta gente pra amar, é tanta euforia que você sai distribuindo assim, a torta e a direita, sem quantificar muito, sem ser responsável. O resultado? As milhões de dores de cotovelo e as manhãs de olhos inchados tão comuns. E ainda assim você não pára com essa mania besta. É masoquismo. A gente doa, doa. E por não receber nada em troca de algumas pessoas, a gente se esgota delas. Porque sim, somos egoístas e queremos retorno. Por um momento ainda temos força o suficiente pra se doar mais, sem se tocar que na verdade estamos só cavando o que parecia o fundo do poço, vivendo na esperança de que jajá alguém joga uma corda e te chama de meu amor, sei lá. Um alguém não: o alguém. Decepções, decepções. A gente perde nosso tempo criando expectativas, pra no fim das contas jogar tudo no lixo.
O amor é ridículo: aceita qualquer desculpa, por mais esfarrapada que seja, pra justificar os erros alheios. E você se apega àquilo, se agarra com as unhas, com os dentes, se entrelaça. Pra você aquilo basta. E você acredita fielmente que é a pessoa mais feliz do mundo.

Mas isso tudo é muito óbvio. E o óbvio me irrita.

Um comentário:

Gabi disse...

esse post foi pra mim, certeza ;~ amo mais ;~