24.9.08

Cara, eu quero saber é cadê os psicólogos pra condenar essas pais que deixam os filhos perderem a infância assim na maior. Eu tenho medo do que essa safra de, sei lá, 1995 pra frente vai se tornar. Na agonia do mundo moderno de exigir cada vez mais responsabilidade dos adultos, eu vejo os adultos de certo modo transferindo isso também pras crianças, e daí muitas passam a se vestir e ter atitudes típicas de gente grande. Cada vez mais comum. Crianças são como esponjas, todo mundo sabe. Eu não vejo mais a correria, a gritaria, os jogos de carimba, de vôlei de quando eu era pequena. Os tempos mudam, tudo bem, as manias mudam e tal, mas muito me assusta a possibilidade de criar meu filho num ambiente desses que eu não julgo saudável. Criança precisa aprender a descobrir, observar, socializar. Criança precisa cair no chão de concreto e descobrir que ralar a perna dói, precisa descobrir que tomada dá choque e que shampoo no olho arde. Não quero meu filho como meu irmão, que passa praticamente o dia sentado ou no computador ou no vídeo game ou na televisão, sem vida social aparente, enorme de gordo e inútil. Não quero que minha filha seja uma fútil, chore por bolsas da Kipling, gaste a mesada com Hello Kitty, corte uma franja ridícula e começe a beber aos 14. Quero ambos de camisa do Pateta e da Minnie até os doze anos de idade. Mas daí vem o outro risco: será que fazendo isso eu não torno eles "socialmente incompatíveis"? Será que eles não sofreriam preconceito, seriam taxados de mongois, bebêzinhos, só porque eu realmente quero que eles sejam crianças de verdade, que aproveitem, que corram, que se sujem todos e venham com a camisa cheia de manchas de chocolate, terra, merda de cachorro, só pra eu ver se realmente o sabão em pó funciona que nem na propaganda? E se isso os traumatizasse socialmente?
Olha, eu tô levantando essa questão porque uma amiga minha hoje no almoço me contou de uma menina de 13 anos se suicidou essa semana. Cara, se eu com meus quase 21 anos não sei de absolutamente nada quanto a experiências de vida e sigo caminhando como quem caminha naquelas "pedras" daquela brincadeira antiga pra caralho que tinha no Faustão, da época da ponte do rio que cai, que você não sabe se são firmes ou não e se estrebucha todo na água, avalie essa pessoa. Um dos problema do se parecer com o adulto é toda uma carga emocional que uma pessoa de 13 anos muitas vezes não tem estrutura pra arcar. E quem não tem suporte ou não consegue se equilibrar nessa balança acaba por fazer o que essa pobre coitada fez.

Um comentário:

Manuela disse...

amigue, eh triste mesmo.
tenho pena do meu irmão. nao tem mts amiguinhos porque meu pai não bota o coitado pra socializar.

vou fazer uma nota mental: fazer com que meus filhos tenham a infância pelo menos parecida com a minha. Pq eu fiz tudo que tu citou, de ralar a perna, a levar choque e etc.